Ministério Público pede prisão preventiva de deputado Lucas Bove

Ministério Público pede prisão preventiva de deputado Lucas Bove
out, 24 2025 Isadora de Souza

Quando Lucas Diez Bove, deputado estadual pelo Partido Liberal (PL), foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo nesta quinta‑feira, 23 de outubro de 2025, a cidade de São Paulo ficou em alerta. O órgão acusou o parlamentar de violar reiteradamente prisão preventiva solicitada por descumprimento de medidas protetivas concedidas à ex‑esposa, a influenciadora digital Cíntia Chagas, que acumula 7,6 milhões de seguidores nas redes sociais. O caso, que vem de um longo histórico de violência doméstica, reacendeu o debate sobre impunidade no âmbito legislativo.

Contexto político e ético na Alesp

Em 28 de agosto de 2025, o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) recebeu representação da deputada Mônica Seixas, do PSOL/Movimento Pretas, pedindo a cassação do mandato de Bove por queda de decoro. A votação – seis contra, um a favor – arquivou o pedido, gerando críticas intensas. "A decisão envia uma mensagem perigosa às vítimas de violência", alertou Seixas logo depois do plenário.

O dia seguinte, 29 de agosto, Bove e Seixas protagonizaram um confronto verbal no plenário da Alesp, culminando na suspensão temporária dos trabalhos. O episódio ilustrou como a disputa política pode impedir o andamento de processos judiciais sensíveis.

Detalhes da denúncia do Ministério Público

De acordo com a denúncia, Bove teria praticado perseguição, violência psicológica, violência física e ameaças contra Chagas desde setembro de 2024, quando a mulher registrou o primeiro boletim de ocorrência. Entre os relatos mais chocantes, está o arremesso de uma faca que feriu a perna da vítima e a ameaça de "queimar seu corpo". Em outra ocasião, o deputado teria exigido que a ex‑esposa cancelasse a matrícula em uma academia sob a alegação de ciúmes patológicos.

O inquérito policialSão Paulo foi concluído em 15 de setembro de 2025 e encaminhado à Vara de Violência Doméstica. No dia 29 de setembro, Bove foi formalmente indiciado por perseguição e violência psicológica.

Reações dentro e fora do Legislativo

A deputada Ediane Maria, também do PSOL, foi a única a apoiar a cassação do mandato. Os demais parlamentares – Oseias de Madureira (PSD), Carlos Cezar (PL), Dirceu Dalben (Cidadania), Eduardo Nóbrega (Podemos), Rafael Saraiva (União Brasil) e Delegado Olim (PP) – votaram contra a medida. Essa divisão evidencia um padrão de resistência a processos que envolvem parlamentares ligados ao bolsonarismo.

O colunista Léo Dias ganhou destaque ao divulgar os documentos do boletim de ocorrência. Segundo ele, o acesso a esses arquivos reforça a necessidade de transparência nos casos de violência doméstica que envolvem agentes políticos.

Impactos e repercussões para a vítima

Cíntia Chagas, que ainda mantém sua presença digital ativa, tem relatado medo constante de retaliações. "O medo não acabou quando a medida protetiva foi concedida; ele a ignora como se nada fosse", declarou em entrevista à imprensa local. Especialistas em direito de família afirmam que a prisão preventiva, embora rara, pode ser o único mecanismo eficaz para garantir a segurança de vítimas que enfrentam perseguição constante.

  • Violência física: ferimento na perna causado por faca.
  • Ameaças de morte e queima de corpo.
  • Violação de restrição de contato estabelecida em setembro de 2024.
  • Desrespeito às ordens judiciais mesmo após a decisão do Conselho de Ética.
Próximos passos na esfera judicial

Próximos passos na esfera judicial

O juiz da Vara de Violência Doméstica ainda não se pronunciou sobre o pedido de prisão preventiva, mas o Ministério Público reforçou que o descumprimento repetido das medidas representa "grave risco à vida da vítima". O processo permanece sob sigilo de justiça, dificultando o acompanhamento público.

Se a prisão for concedida, Bove poderá ficar temporariamente afastado do cargo, algo que ainda não aconteceu em casos semelhantes na Alesp. Caso a decisão seja negativa, o Ministério Público pode recorrer, alimentando um cenário de tensão entre os poderes legislativo e judiciário.

Contexto histórico de violência envolvendo parlamentares

Casos de agressão doméstica contra ex‑cônjuges de políticos não são inéditos no Brasil. Em 2019, o parlamentar federal João Paulo Cunha (PTB) recebeu medida protetiva após denúncias de abuso. Contudo, poucos processos avançaram até a fase de prisão preventiva. O episódio de Lucas Bove, portanto, pode abrir precedentes para que futuros casos recebam tratamento mais rigoroso.

Especialistas apontam que a combinação de influência midiática (no caso, a presença de Chagas nas redes) e apoio político pode criar um "campo de batalha" onde a justiça tem de lutar contra a impunidade institucionalizada.

Perguntas Frequentes

Qual é o risco de descumprimento das medidas protetivas para a vítima?

O descumprimento pode elevar a probabilidade de novos episódios violentos, como o arremesso de objetos ou ameaças de morte. No caso de Cíntia Chagas, o histórico já inclui ferimento físico e ameaças graves, o que justifica o pedido de prisão preventiva para garantir sua segurança.

Como a defesa de Lucas Bove tem respondido às acusações?

Até o momento, a defesa alegou que as provas apresentadas são insuficientes e que as medidas protetivas foram violadas de forma interpretativa. O advogado do deputado ainda não compareceu ao Tribunal para contestar o pedido de prisão preventiva.

Qual foi o posicionamento dos demais deputados da Alesp?

A maioria, representada pelos partidos PSD, PL, Cidadania, Podemos, União Brasil e PP, votou contra a cassação do mandato, justificando que a questão ainda deveria ser analisada pelos tribunais. Apenas a deputada Ediane Maria (PSOL) apoiou a iniciativa.

O que a sociedade civil tem feito em resposta ao caso?

Organizações de defesa dos direitos das mulheres, como a Casa da Mulher Brasileira, organizaram protestos em São Paulo e lançaram campanhas nas redes sociais pedindo justiça rápida. Elas cobram mudanças nas regras internas da Alesp para que denúncias de violência doméstica sejam tratadas com mais rigor.

Qual a probabilidade de Lucas Bove ser afastado do cargo?

Se o juiz conceder a prisão preventiva, o deputado ficará impossibilitado de exercer funções legislativas até que o caso seja resolvido. Mesmo sem a prisão, a exposição pode gerar pressão política para um afastamento ou renúncia, embora ainda não haja consenso entre os partidos.

10 Comments

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    Manuel Silva

    outubro 24, 2025 AT 21:51

    A prisão preventiva pode evitarr mais violência contra a vítima.

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    Flávia Martins

    outubro 26, 2025 AT 01:38

    O juiz ainda não se pronunciou sobre o pedido de prisão preventiva, mas o Ministério Público reforça que o risco é greve

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    Francini Rodríguez Hernández

    outubro 27, 2025 AT 05:24

    É revoltante ver um deputado ignorar ordem judicial e continuar perseguindo a ex‑esposa.
    A violência psicológica já causa danos profundos, sem contar a ameaça de faca que deixou a vítima com lesão na perna.
    Quando alguém usa o poder para intimidar, a confiança nas instituições despenca.
    A medida protetiva foi feita pra proteger, mas parece que ninguém liga.
    Precisamos que o sistema seja mais rápido pra impedir novos abusos.
    Todo mundo tem que cobrar atuação firme das autoridades.

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    Rafael Pereira

    outubro 28, 2025 AT 09:11

    Concordo, a impunidade gera medo na população.
    É fundamental que a justiça aja sem demora pra evitar mais danos.

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    Naira Guerra

    outubro 29, 2025 AT 12:58

    É inadmissível que um parlamentar continue violando direitos humanos básicos.
    A sociedade não pode tolerar esse tipo de comportamento.

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    Eduardo Mallmann

    outubro 30, 2025 AT 16:44

    De fato, a violação reiterada de medidas protetivas constitui grave desrespeito ao Estado de Direito.
    É imperativo que o Poder Judiciário aplique sanções exemplares para preservar a integridade da vítima e reafirmar o compromisso institucional com a proteção das mulheres.

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    Timothy Gill

    outubro 31, 2025 AT 20:31

    Ao analisarmos o caso, torna‑se evidente que a dinâmica de poder entre legislador e vítima transcende meras disputas partidárias.
    O histórico de abuso demonstra um padrão de controle que se manifesta tanto nos domínios privados quanto públicos.
    Essa constatação nos obriga a refletir sobre a eficácia das medidas protetivas diante de indivíduos que detêm acesso a recursos e influência.
    É notório que a impunidade favorece a perpetuação de ciclos violentos.
    Além disso, a falta de uma resposta judicial célere pode ser interpretada como consentimento tácito.
    A jurisprudência recente aponta para a necessidade de respostas mais enérgicas em casos de violência doméstica envolvendo autoridades.
    Não se trata apenas de preservar a integridade física da vítima, mas de sustentar a credibilidade do sistema jurídico.
    Quando o legislador se coloca fora da lei, o precedente gerado desestabiliza a confiança da sociedade nas instituições.
    Portanto, o pedido de prisão preventiva surge como medida indispensável para conter a escalada da agressão.
    O afastamento temporário do cargo permitiria a continuidade das investigações sem interferências.
    Tal postura também enviaria um sinal inequívoco de que nenhum cargo confere privilégio sobre a lei.
    É crucial que o Ministério Público mantenha firmeza na sua argumentação perante o juiz.
    Se houver recusa, a possibilidade de recurso deverá ser acionada sem delongas.
    Em síntese, a gravidade dos atos relatados justifica plenamente a adoção de medidas restritivas severas.

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    David Costa

    novembro 2, 2025 AT 00:18

    Observando o panorama apresentado, percebe‑se que a cultura de impunidade tem raízes históricas que se entrelaçam com a dinâmica do poder político no país.
    Os episódios recorrentes de violência cometidos por agentes eleitos revelam uma lacuna institucional que precisa ser preenchida com reformas estruturais.
    É fundamental, portanto, promover um debate amplo que incorpore não apenas a esfera judicial, mas também a educativa e a midiática.
    A sociedade civil tem papel ativo ao cobrar transparência e responsabilidade dos representantes.
    Iniciativas como campanhas de conscientização e pressão popular podem acelerar a adoção de protocolos mais rígidos.
    Dessa maneira, cria‑se um ambiente menos permissivo a comportamentos abusivos, alinhado aos princípios de igualdade e dignidade humana.

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    Willian de Andrade

    novembro 3, 2025 AT 04:04

    É triste ver que ainda tem gente que acha que pode fazer o que quiser.

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    Thiago Silva

    novembro 4, 2025 AT 07:51

    Não podemos fechar os olhos diante desse abuso.
    Cada gesto de tolerância fortalece o agressor e enfraquece as vítimas.
    É hora de se unir e exigir ação imediata da justiça.

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