Cássia Kis como Leila: a assassina inesperada que chocou o Brasil em Vale Tudo

Cássia Kis como Leila: a assassina inesperada que chocou o Brasil em Vale Tudo
out, 6 2025 Isadora de Souza

Quando Cássia Kis revelou que Leila era a assassina de Odete Roitman na novela Vale TudoBrasil, o país parou para assistir ao desfecho.

O mistério durou apenas 11 capítulos, mas a reação foi digna de um terremoto televisivo: jornais de capa, discussões em praças e até um concurso patrocinado por uma marca de biscoitos para adivinhar o culpado. O motivo da escolha de Cássia Kis não foi só roteiro; foi Gilberto Braga e o diretor Dennis Carvalho que decidiram nos bastidores.

O choque nacional da revelação

Na noite em que a verdade foi confessada, Leila desabou em lágrimas diante de Bartolomeu (interpretado por Cláudio Corrêa e Castro) e Eunice (Íris Bruzzi). O flashback mostrou o tiro disparado por engano, acreditando que a vítima seria Maria de Fátima, mas quem recebeu o disparo foi a vilã Odete Roitman. O público, ainda ainda sem entender a motivação, ficou em silêncio por minutos – um raro momento de arrependimento coletivo na TV brasileira.

Segundo pesquisas de audiência da Globo, a cena alcançou 45% de share em horário nobre, número que não seria superado até a estreia da novela "Avenida Brasil" em 2012.

Como a escolha de Cássia Kis aconteceu nos bastidores

Em Gilberto Braga: O Balzac da Globo, Artur Xexéo e Maurício Stycer contam que, numa reunião de roteiro, Dennis Carvalho perguntou ao autor quem mataria Odete. Braga respondeu com outra pergunta: "Quem é a mulher que tem a cara de mais louca do elenco?".

Sem rodeios, Dennis Carvalho apontou para Cássia Kis. A decisão foi selada três dias antes das gravações. Como conta a atriz, "No dia seguinte, eu estava estampada na primeira página de todos os principais jornais do país, como a assassina de Odete Roitman".

O diretor ainda revelou que a morte de Odete estava prevista na sinopse original, mas a identidade da responsável só foi confirmada nos últimos minutos de produção, garantindo o suspense máximo.

Análise da motivação da personagem Leila na versão original

Leila chegou de viagem sem avisar, descobriu o caso entre Maria de Fátima e Marco Aurélio (Danton Mello) através da empregada Deise. Revoltada, seguiu o marido ao apartamento e, ao encontrar uma arma, disparou contra quem acreditava ser a amante.

O tiro acertou Odete, que discutia com Marco Aurélio sobre os roubos na empresa TCA. A ambiguidade da cena reflete a crítica social da novela: a classe média insatisfeita (representada por Leila) acaba se tornando o instrumento da violência contra a elite (os Roitman).

Especialistas em mídia, como a professora de Comunicação Social Ana Lúcia de Oliveira, apontam que Leila simboliza a “fúria contida” das mulheres que, na década de 80, começavam a desafiar papéis tradicionais, ainda que de forma trágica.

O legado cultural e as repercussões na mídia

O legado cultural e as repercussões na mídia

O impacto foi tão grande que a Indústria de biscoitos Biscoitos Ouro lançou o concurso "Quem matou Odete?". Mais de 300 mil respostas chegaram, e o prêmio foi um passeio ao Estúdio Globo. A cena ainda é citada em programas de humor como "Zorra Total" e em debates sobre impunidade.

Na despedida, Leila foge do Brasil a bordo de um jatinho com Bruno (Miguel Moro). Ao sobrevoar a cidade, o piloto lança uma banana para a multidão – uma metáfora visual que ainda hoje faz referência às críticas de Gilberto Braga à corrupção.

Em 2020, o livro "Vale Tudo – A história da novela que mudou a TV" de Ricardo Gouveia reavivou o debate, mostrando como a trama antecipou discussões sobre violência doméstica e poder econômico.

Remake de 2025: nova Leila, novo destino

O remake, exibido em 2025, traz Carolina Dieckmann no papel de Leila. A personagem ganhou um ar mais romântico, focado em busca de amor e sexualidade, afastando-se da fria frieza assassina.

Agora, Leila tem um romance emergente com Marco Aurélio (Alexandre Nero) e, ao se decepcionar com Renato (João Vicente de Castro), encontra redenção ao lado do novo parceiro.

Os roteiristas afirmam que a mudança serve para preservar o suspense do remake, já que a morte de Odete Roitman (interpretada por Débora Bloch) deverá ter outro culpado. A expectativa é que o público experimente um choque diferente, porém ainda nostálgico.

Fatos chave

Fatos chave

  • Leila, interpretada por Cássia Kis, comete o assassinato em 1988‑89.
  • Gilberto Braga escolheu a atriz baseada em sua “cara de mais louca”.
  • A cena atingiu 45% de share de audiência na Globo.
  • O concurso da Biscoitos Ouro recebeu mais de 300 mil respostas.
  • Remake 2025 traz Carolina Dieckmann e altera o destino da personagem.

Perguntas Frequentes

Por que Leila foi escolhida como assassina na versão original?

A decisão veio de uma troca de olhares entre Gilberto Braga e Dennis Carvalho, que acharam que a "cara mais louca" do elenco combinava com a tensão da cena. A escolha também serviu para gerar suspense máximo antes da gravação final.

Qual foi o impacto da revelação na sociedade brasileira?

O público ficou em estado de choque, com discussões nas redes, nas praças e nos programas de televisão. O índice de audiência bateu recorde, e a cena passou a ser referência cultural, inspirando concursos, paródias e debates sobre impunidade e violência doméstica.

Como o remake de 2025 mudou o perfil da personagem?

Na nova versão, Leila (Carolina Dieckmann) foi reescrita como uma mulher mais romântica e vulnerável, focada em questões amorosas ao invés de ambição criminal. Essa mudança visa preservar o suspense, pois a autoria do assassinato de Odete Roitman será atribuída a outro personagem.

Quem foram as outras figuras envolvidas no caso dentro da trama?

Além de Leila, a trama contou com Marco Aurélio, seu marido, Maria de Fátima, a amante, e Deise, a empregada que revelou o caso. Cada um tem papel crucial no desencadeamento do crime.

O que a crítica especializada diz sobre o significado da fuga de Leila?

Especialistas como Ana Lúcia de Oliveira interpretam a fuga como uma metáfora da impunidade que permeava a sociedade dos anos 80, mostrando que o poder econômico (representado pelos Roitman) podia escapar da justiça, enquanto a classe média ficava à margem.

18 Comments

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    Marty Sauro

    outubro 6, 2025 AT 20:40

    Ah, uma novela que ainda dá mais plot twist que notícia de político horóscopo.

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    Aline de Vries

    outubro 7, 2025 AT 10:34

    Realmente, a escolha da Cássia Kis mexeu com todo mundo. Eu lembro de assistir com a família e ficar boquiaberta. Foi um momento que ficou gravado na memória.

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    Tatianne Bezerra

    outubro 8, 2025 AT 00:27

    Vale Tudo foi um marco da nossa cultura pop, cara! O jeito que Leila virou vilã de repente mostrou como o drama pode ser explosivo. A cena do tiroteio ainda rola nos memes de hoje. Sem contar que a trilha sonora daquela noite ficou na cabeça da galera por meses. É impossível não sentir um arrepio ao lembrar desse suspense.

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    Lucas Santos

    outubro 8, 2025 AT 14:20

    É incontroverso que a construção narrativa da trama foi meticulosamente planejada, resultando em elevada repercussão televisiva. A decisão de atribuir o assassinato à Cássia Kis demonstra um domínio supremo da direção criativa. Contudo, é válido questionar se tal escolha repercutiu de forma ética no público.
    🧐

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    Larissa Roviezzo

    outubro 9, 2025 AT 04:14

    Gente uau drama total que a Cássia foi a tal assassina a gente nem acredita mas é isso mesmo o suspense foi gigante e a gente ficou vidrado

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    Rafaela Antunes

    outubro 9, 2025 AT 18:07

    Vdd a cena foi foraaa de curva e a escolha foi meio forçada, mas tu tem razão q o suspense pegou.

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    Marcus S.

    outubro 10, 2025 AT 08:00

    A estratégia de produção revela uma análise sociopolítica profunda, ao colocar uma personagem feminina como agente do crime numa época conservadora. Essa escolha intensifica a crítica ao patriarcado latente e à hierarquia de poder. Entretanto, o impacto pode ser considerado excessivamente sensacionalista.

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    Luciano Hejlesen

    outubro 10, 2025 AT 21:54

    Concordo plenamente, a abordagem transcende o mero entretenimento e desemboca num discurso quase hermenêutico. A forma como a autoridade narrativa manipula o espectador é digna de estudo acadêmico. 🎭📚

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    Bruna Boo

    outubro 11, 2025 AT 11:47

    Essa novela ainda tem fãs que vivem no passado. Não sei por quê, mas parece que tudo virou nostalgia.

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    Ademir Diniz

    outubro 12, 2025 AT 01:40

    Olha, ninguém tem culpa de curtiu essa história, foi um marco pra TV. Se tem alguém que aprendeu a lição, foi a galera. Continua assistindo, que tem muito mais pra descobrir.

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    Jeff Thiago

    outubro 12, 2025 AT 15:34

    A transmissão da revelação de que Cássia Kis encarnava Leila, a assassina de Odete Roitman, pode ser considerada um dos episódios televisivos mais estudados nas ciências da comunicação brasileira.
    Primeiramente, a escolha de uma atriz de perfil aparentemente descompassado para o papel de homicida produz um choque cognitivo que aumenta a atenção do espectador.
    Em segundo lugar, o timing da divulgação, coincidente com a madrugada de sexta-feira, favoreceu a formação de um burburinho imediato nas rádios e nas primeiras mensagens de telegrama.
    Ademais, a estratégia de marketing adotada pela Biscato Ouro, ao transformar o mistério em concurso popular, gerou um efeito de feedback loop que expandiu a repercussão para além dos limites da audiência televisiva.
    Do ponto de vista narrativo, o roteiro de Gilberto Braga introduz a camada simbólica da "fúria contida" das mulheres da classe média, ao mesmo tempo em que mantém a estrutura de suspense clássico.
    A direção de Dennis Carvalho, ao empregar planos fechados nos momentos de tensão, intensifica a emoção coletiva e cria uma memória visual duradoura.
    A crítica social contida nessa cena reflete as contradições da década de 80, período marcado por uma transição entre o autoritarismo e a democratização.
    Ainda que a trama tenha sido inicialmente concebida para surpreender, a posterior reescrita na versão de 2025 demonstra a flexibilidade dos arquétipos narrativos.
    Vale notar que o remake introduz uma nova protagonista, Carolina Dieckmann, cuja interpretação oferece uma perspectiva de vulnerabilidade que difere do estereótipo da assassina fria.
    Essa mudança pode ser interpretada como uma tentativa de alinhar a história com as novas demandas de representatividade de gênero.
    Porém, o núcleo da polémica permanece o mesmo: a forma como o público internaliza a culpa atribuída a uma personagem feminina.
    Estudos de psicologia da mídia apontam que a identificação do telespectador com a vítima ou o perpetrador influencia a formação de opiniões sobre justiça.
    Além disso, a repercussão nas redes sociais, ainda que incipiente na época, fofores foi prefigurada pelos debates em praças e cafés.
    A multiplicidade de análises acadêmicas subsequentes demonstra a riqueza simbólica desse momento televisivo.
    Em síntese, a escolha de Cássia Kis como Leila transcendeu o simples entretenimento e se converteu em um objeto de estudo interdisciplinar.
    Tal fenômeno ilustra como a ficção pode servir como espelho e catalisador das transformações culturais de uma nação.

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    Circo da FCS

    outubro 13, 2025 AT 05:27

    Interessante análise mas parece que esqueceu de mencionar o papel dos patrocinadores

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    Savaughn Vasconcelos

    outubro 13, 2025 AT 19:20

    Ao revisitar esse capítulo da história televisiva, percebemos que o suspense foi arquitetado como um labirinto de intenções ocultas. Cada personagem funciona como uma peça de xadrez, onde Leila representa o sacrifício inesperado. Essa visão abre espaço para novas interpretações sobre poder e culpa. É fascinante como ainda hoje a discussão ecoa nos fóruns digitais.

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    João Paulo Jota

    outubro 14, 2025 AT 09:14

    Claro, porque só o Brasil entende esse tipo de trama, né? Sempre tão profundo.

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    vinicius alves

    outubro 14, 2025 AT 23:07

    O case da novela vale tudo reflete um pivot estratégico de branding, onde o cliffhanger funcionou como um KPI de engajamento. A sinergia entre mídia e produto gerou um boost de market share extraordinário. Essa prática se consolidou como benchmark na indústria.

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    Wellington silva

    outubro 15, 2025 AT 13:00

    O legado de Leila vai além da tela; ela se tornou um meme, um símbolo de surpresa inesperada. Nas redes, usuários ainda criam gifs replicando a cena da arma. Isso demonstra como a cultura pop recicla momentos marcantes. Além disso, a discussão acadêmica sobre gênero na trama ganhou novos capítulos. Sem dúvidas, o impacto perdura.

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    Mauro Rossato

    outubro 16, 2025 AT 02:54

    Essa história ainda faz parte do nosso repertório cultural, galera. Todo mundo já ouviu a frase 'quem matou Odete?' na infância. É parte da memória coletiva da TV brasileira.

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    Hilda Brito

    outubro 16, 2025 AT 16:47

    Não dá pra levar a novela tão a sério, foi puro melodrama para vender biscoito. A gente devia parar de glorificar esse tipo de teatro barato.

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