Suspensão e reação nacional
Em meados de setembro de 2025, a Disney/ABC decidiu interromper a produção de Jimmy Kimmel Live por seis dias. A pausa aconteceu depois que o apresentador fez um monólogo direto ao ponto, apontando a postura dos seguidores de Donald Trump diante da morte de Charlie Kirk, ativista conservador. A crítica incendiou o ambiente político, e grupos conservadores, inclusive membros da administração Trump, pressionaram a emissora.
Os donos das maiores redes de afiliadas, Nexstar Media Group e Sinclair Broadcast Group, reagiram rapidamente: retiraram o programa de suas estações locais, alegando que os comentários violavam normas de decência. Sentindo a pressão, a própria Disney decidiu suspender o talk show, citando necessidade de “reavaliar a situação”.
A situação escalou quando Brendan Carr, presidente da FCC, apareceu em um programa no YouTube chamado "The Benny Johnson Show" e advertiu a ABC e as afiliadas de que poderiam perder suas licenças caso o programa voltasse sem restrições. A ameaça gerou um debate acalorado sobre o limite da livre expressão: seria uma interferência governamental sobre a imprensa?
- Políticos de diferentes partidos condenaram a suspensão, alegando censura.
- Artistas e apresentadores de TV se solidarizaram com Kimmel, organizando boicotes à Disney.
- Sindicato dos roteiristas e associações de mídia pediram a manutenção da livre crítica.
- Especialistas constitucionais argumentaram que a fala do presidente da FCC poderia violar a Primeira Emenda.
O clima ficou ainda mais tenso quando o ex‑presidente Trump comemorou a suspensão e sugeriu novas medidas contra quem “ataca” seu governo. Isso alimentou temores de autoritarismo crescente nos EUA.

Retorno e consequências para o mercado
No dia 22 de setembro, a Disney anunciou que o programa voltaria ao ar no dia seguinte. Kimmel, ao retomar as gravações, agradeceu publicamente ao público que o apoiou e à própria Disney por defender sua capacidade de criticar figuras poderosas, mesmo quando isso deixa a diretoria desconfortável.
Entretanto, Nexstar e Sinclair mantiveram a decisão de não transmitir o programa nas suas afiliadas, reforçando a divisão entre grandes conglomerados de mídia. Essa postura gerou novas críticas, agora direcionadas às próprias redes por restringirem o acesso a um conteúdo que já havia sido aprovado pela rede principal.
Para o público, a volta do talk show foi recebida com alívio e ainda mais engajamento nas redes sociais. Comentários como "a voz da crítica não pode ser calada" inundaram Twitter e TikTok, enquanto campanhas de adesão a fluxos de streaming da Disney+ ganharam força.
Do ponto de vista comercial, a suspensão de curta duração acabou gerando ainda mais atenção ao programa, impulsionando números de visualização nas plataformas digitais. Analistas de mídia apontam que o embate pode servir como um case de estudo sobre como controvérsias políticas podem, paradoxalmente, alavancar audiência.
O episódio deixa clara a tensão permanente entre entretenimento, política e responsabilidade corporativa. Enquanto as grandes redes buscam equilibrar pressão dos anunciantes, demandas de órgãos reguladores e a necessidade de manter a credibilidade perante o público, programas como Jimmy Kimmel Live continuam no centro desse debate, testando os limites da liberdade de expressão nos Estados Unidos.