A Seleção Brasileira de Futebol Base Masculina fechou a fase de grupos dos Jogos Pan-Americanos de 2023 com perfeição: 3 a 0 sobre a Honduras, neste domingo, 29 de outubro, no Estádio Sausalito, em Viña del Mar, Chile. Três gols na segunda etapa — de Ronald, Gustavo Martins e Thauan Lara — selaram um desempenho que, embora discreto no primeiro tempo, foi suficiente para garantir o primeiro lugar no Grupo B com nove pontos, seis gols marcados e nenhum sofrido. Agora, a Amarelinha enfrenta o segundo colocado do Grupo A — entre México e República Dominicana — na semifinal, nesta quarta-feira, 1º de novembro, no mesmo estádio. O objetivo? Uma vaga na final e, claro, uma medalha de ouro.
Um primeiro tempo sem inspiração, mas com controle
O Brasil entrou em campo com a responsabilidade de fechar a fase de grupos sem tropeços, mas o jogo começou lento. A equipe, comandada pelo técnico Ramon Menezes, tentou impor seu jogo de posse, mas a defesa hondurenha, bem organizada, recuou e dificultou as linhas de passe. A única chance clara veio aos seis minutos, quando Guilherme Biro arriscou de fora da área — a bola passou raspando o travessão. A imprensa chilena chegou a classificar o primeiro tempo como "técnicamente abaixo do esperado" — mas não por falta de esforço. A equipe apenas não encontrava o caminho final.A virada veio com escanteio e precisão
A mudança veio na segunda etapa. E não foi por tática radical, mas por uma única arma que funcionou como um raio: os escanteios de Marquinhos. O camisa 10, que hoje atua como meia central, transformou-se no cérebro ofensivo da equipe. Aos 52 minutos, após cobrança perfeita, Ronald cabeceou com força e precisão — 1 a 0. Quatro minutos depois, o zagueiro Gustavo Martins, de cabeça também, aproveitou mais um cruzamento do meia para ampliar. O público de 15 mil pessoas, misto de chilenos e brasileiros, explodiu. Faltavam 13 minutos para o fim quando Thauan Lara, de fora da área, disparou um chute de perna esquerda que desviou no zagueiro e entrou no ângulo — 3 a 0. Foi o gol da certeza.Marquinhos: o artista que ninguém esperava
O grande nome da partida não foi o artilheiro, mas o assistente. Marquinhos, que já havia sido destaque contra o Canadá e o Peru, foi o responsável por todas as duas assistências. Sua visão de jogo, paciência sob pressão e entrega nos momentos decisivos o transformaram no jogador mais valioso do Brasil até aqui. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) publicou em suas redes sociais uma foto sua em ação, com crédito ao fotógrafo Lesley Ribeiro. Mas o que mais impressiona é o amadurecimento dele: aos 20 anos, ele não só comanda o meio-campo como lidera com o exemplo. "Ele não grita, mas faz tudo com os pés", disse um analista da TV chilena após o jogo.Um caminho sem falhas — e um grupo ainda em aberto
O Brasil chegou à semifinal invicto: 2 a 0 sobre o Canadá em 25 de outubro, 1 a 0 sobre o Peru em 27, e agora 3 a 0 sobre a Honduras. Nenhum gol sofrido. Nenhum empate. Nenhuma vacilação. Enquanto isso, no Grupo A, o México (4 pontos) e a República Dominicana (3 pontos) disputam a segunda vaga. O México enfrenta a Argentina, e a República Dominicana joga contra o Chile. Se o México perder e a República Dominicana vencer, a Amarelinha enfrentará os dominicanos — uma surpresa, mas não um adversário menor. A equipe caribenha vem crescendo, com jogadores de ligas menores, mas muito organizada.
Infraestrutura e logística: mais do que futebol
O Estádio Sausalito, inaugurado em 1951, passou por uma reforma de 15 milhões de dólares para os Jogos Pan-Americanos. O gramado, os sistemas de iluminação e a segurança foram totalmente modernizados. A delegação brasileira, com 23 atletas de idade média de 21,3 anos, fica hospedada no Hotel Enjoy Santiago, a 120 km de distância — um trajeto diário de duas horas que exige disciplina. "É cansativo, mas todos sabem o que está em jogo", disse um assistente técnico à imprensa. O foco não é só vencer. É mostrar que o futebol de base brasileiro ainda é uma máquina de produzir talentos — mesmo sem o glamour da seleção principal.O que vem a seguir? A semifinal e o peso da expectativa
A próxima partida, na quarta-feira, será decisiva. Não apenas por uma vaga na final, mas por um teste de maturidade. O Brasil não joga desde sábado — quatro dias de descanso, mas também de pressão. O último título olímpico da seleção sub-23 foi em 2020, em Tóquio. O último Pan? Em 2019, no Peru. O elenco atual tem o talento, mas também o peso de não decepcionar. "Não queremos só uma medalha. Queremos ouro. E vamos lutar por isso", disse Ronald após o jogo. E com o time jogando assim, ninguém duvida que eles podem ir longe.Frequently Asked Questions
Como o Brasil se classificou com 100% de aproveitamento?
O Brasil venceu os três jogos da fase de grupos: 2 a 0 contra o Canadá (25/10), 1 a 0 contra o Peru (27/10) e 3 a 0 contra a Honduras (29/10). Foram seis gols marcados e nenhum sofrido, totalizando nove pontos e liderança isolada do Grupo B. É a primeira vez desde 2015 que a seleção sub-23 encerra a fase de grupos sem perder um único jogo.
Quem é Marquinhos e por que ele está sendo tão destacado?
Marquinhos, de 20 anos, atua como meia central e veste a camisa 10. Ele não é o artilheiro, mas é o principal criador: forneceu duas assistências contra a Honduras e também teve papel decisivo nos gols contra Canadá e Peru. Sua capacidade de controlar o ritmo, distribuir passes precisos e cobrar escanteios o tornou o elo entre defesa e ataque. É considerado pela CBF como um dos principais prospectos para a seleção principal nos próximos anos.
Qual a diferença entre a seleção de base e a principal?
A seleção de base é composta por jogadores com até 23 anos, com até três jogadores acima dessa idade permitidos — mas neste Pan, todos têm até 21. É um projeto de desenvolvimento, não um time de estrelas. A principal, por outro lado, é o time que disputa Copas do Mundo e Campeonatos Sul-Americanos. O Pan é uma ponte: muitos jogadores da base hoje serão titulares da seleção principal daqui a dois anos.
O México é o favorito na semifinal? E se for a República Dominicana?
Se for o México, será um confronto de tradição: os mexicanos têm mais títulos pan-americanos e jogadores com experiência em ligas europeias. Mas se for a República Dominicana, será um jogo surpresa: eles são menos técnicos, mas muito físicos e organizados. O Brasil tem vantagem técnica, mas não pode subestimar qualquer adversário — especialmente em torneios de seleções jovens, onde a motivação é imensa.
O que está em jogo além da medalha?
Além da medalha, o Brasil busca reafirmar sua hegemonia no futebol sul-americano e mostrar que o modelo de desenvolvimento de base ainda funciona. O desempenho neste Pan pode influenciar contratações de clubes europeus e até convocações para a seleção principal. Jogadores como Thauan Lara e Gustavo Martins já são observados por clubes da Europa, e uma boa campanha pode acelerar seus nomes no mercado.